Para além das linhas tradicionais de crédito rural, o agronegócio brasileiro caminha para utilizar cada vez mais instrumentos do mercado de capitais. Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e o FIAGRO (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) oferecem recursos significativos, prazo e estrutura diferenciada — e já movimentam bilhões de reais. Neste artigo, vamos entender como esses instrumentos funcionam, o que isso significa para produtores e como aproveitar essas oportunidades com apoio adequado.
1. O que são CRAs e FIAGRO?
- CRA: título de renda fixa lastreado em recebíveis do agronegócio — como contratos de comercialização, insumos e implementos. Isento de imposto de renda para pessoas físicas.
- FIAGRO: veículo de investimento criado para canalizar capitais privados para o agro, por meio de cotas, podendo investir em imóveis rurais, recebíveis, participações em empresas agro e infraestrutura.
Exemplo recente: emissão de CRA de R$ 3 bilhões garantida por JBS pela empresa Seara em outubro de 2025.
Segundo dadas do Ministério da Agricultura, o FIAGRO já possuí em estoque R$ 43 bilhões e contava com mais de 420 mil investidores em 2025.
2. Como isso chega até o produtor rural
Esses instrumentos tendem a operar em nível corporativo ou para propriedades maiores, mas representam uma rota de financiamento estratégica:
- Empresas do agro, produtor ou projeto que gera ou possui ativos/recebíveis pode estruturar operação via CRA ou FIAGRO.
- Escritórios financeiros, consultores ou Agro Bankers podem intermediar esse processo.
- Participação no mercado de capitais exige credibilidade, governança, acompanhamento técnico e projeções robustas.
3. Vantagens e desafios
Vantagens:
- Acesso a volumes maiores de recursos, diversificação de fontes de crédito;
- Prazo e condições diferenciadas, possivelmente melhores que crédito tradicional;
- Integração com mercados de capitais e investidores institucionais.
Desafios:
- Complexidade maior, estrutura jurídica e financeira envolvida;
- Necessidade de governança, transparência, e risco elevado se não bem gerido;
- Pode não ser acessível para todas as empresas ou fazendas — mais indicado para operações mais organizadas com estrutura de pessoal e financeira preparada para esse tipo de instrumento.
4. Estrutura típica de operação
- Identificação do ativo/recebível ou projeto (ex: modernização, ampliação, logística).
- Securitização ou emissão do título (CRA) ou abertura de FIAGRO.
- Oferta para investidores, com remuneração e prazos definidos.
- Produtor ou empresa utiliza os recursos, gera os fluxos de caixa para amortização.
5. O que considerar como produtor, empresa agro ou escritório financeiro
- Avaliar se o projeto ou operação justifica a estrutura.
- Entender custos envolvidos (taxas, estrutura, honorários).
- Garantir que a operação agregue valor e não apenas dívida adicional.
- Contar com apoio de consultoria ou intermediário especializado (como a Creditares) para navegação no mercado de capitais.
6. Conclusão
CRAs e FIAGROs representam uma fronteira de financiamento que ultrapassa o crédito convencional e conecta o agronegócio ao mercado de capitais. Para o produtor que está em fase de expansão ou busca escala e modernização, esses instrumentos podem fazer toda a diferença — desde que bem estruturados e com suporte adequado.


