O cenário de crédito rural, sobretudo o vinculado aos recursos obrigatórios, vem apresentando sobressaltos neste início do ciclo 2022/23. Recursos de importantes linhas de financiamento, em particular de investimentos foram bloqueados; o BNDES suspendeu operações de modalidades relevantes; e a própria disponibilização do capital destinado ao custeio enfrenta gargalos para chegar na ponta final, ou seja, no produtor, entre outros entraves.
É o que alerta, por exemplo, o vice-presidente da Comissão Nacional de Política Agrícola da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antônio da Luz: “estamos constatando dificuldades de acesso ao crédito por produtores em alguns importantes estados”. Cálculos da CNA mostram que, em julho na comparação com igual mês do ano passado, as operações de crédito para investimento, comercialização e industrialização apresentaram retração, o que atesta as dificuldades.
Apenas em custeio, houve crescimento de 49%, o que também acende o sinal amarelo, porque os recursos subsidiados são escassos, a competição por eles é acirrada, reforçando a necessidade de antecipação por parte do produtor.
Fora do Plano Safra, dados divulgados pela ABFintech (Associação Brasileira de Fintechs), indicam que, em média, os bancos cobram CDI mais 5% ou 6% dos produtores nos financiamentos. Com a alta da Selic em 13,5%, o custo das operações está neste patamar, já que os recursos do Plano Safra, com juros entre 5% a 6% não cobrem a necessidade do setor.